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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Renascida - 1º Capitulo

I

     Prue olhava para o céu da janela do seu quarto. Lá fora já anoitecera. O céu encontrava-se escuro, pois nem a Lua nem as estrelas se atreviam a brilhar. Na rua nem um só carro se atrevia a passar, nem os animais nocturnos, que outrora enchiam a noite com as suas lindas melodias, se atreviam a cantar.

     Na sala, que se situava ao lado do seu quarto, ouviam-se vozes. Vozes que gritavam. Soluços que ecoavam trazidos de lá belo ar.
     - Mas ela é apenas uma criança! - Gritava Emily, a mãe de Prue, a soluçar cada vez mais.
     - Ela tem o direito de saber a verdade. - Aquela seria a voz de James, irmão mais velho de Prue.
     - Não ela...ela é... apenas uma criança... - Volta a dizer Emily entre soluços.
     - Mãe ouve-me. Ela tem que saber a verdade por nós. E não por Eles. - Diz James.
     - Não! Não ela não. A minha princesa não!
     - Emily ouve o James. É melhor ela saber já a verdade, do que mais tarde, e por outros, sem sermos nós. - Diz Paul, irmão de Emily.
     - Não! - Grita Emily.
     - Emily reconsidera. Será melhor para ela. - Diz Paul.
     - Ela é minha filha. Eu dir-lhe-ei quando achar que for o momento.
     - Se assim o dizes. - Disseram James e Paul.
     - Mas espero que, quando a verdade vier ao de cima, já não seja demasiado tarde para ela. - Acrescenta Paul.
     - Não será. - Diz Emily dirigindo-se ao irmão.
     - Vou chamar a Prue. - Disse Paul.
     - Não. Eu vou. - Interveio James.
     Ouvem-se passos. James aproxima-se do quarto. Duas pancadas sonoras na porta, uma doce e melodiosa voz a chamarem o seu nome. "Prue, posso entrar?"
     Ela nem se dá ao trabalho de pronunciar uma resposta. Pois James entra no quarto nesse momento.
     James, tinha algumas parecenças com a irmã. Era alto. A sua pele era bronzeada. O seu cabelo era de um castanho que escapava para o vermelho. Tinha os olhos cor do mel, e umas longas pestanas. Um nariz pequeno e redondo. Os seus lábios eram carnudos, e davam vontade de beijar. A barba, nesse momento, estava por fazer, o que lhe dava um ar sedutor.
     Prue era alta como o irmão, tinham o mesmo tom de pele, e os mesmos cabelos castanhos que se escapavam para um tom avermelhado. Mas ao contrário deste os seus olhos eram cor de avelã que não se decidiam se queriam ser castanhos ou verdes. Tinha uns olhos grandes e redondos e um nariz pequeno mas pontiagudo. Os seus lábios eram carnudos. Quem a visse diria que ela tinha umas feições delicadas, tal como as de uma boneca de porcelana.
     - Que aconteceu? - Pergunta Prue.
     - A mãe e o tio querem falar contigo. - Responde James fugindo à pergunta dela.
     - Não desvies a conversa. Eu ouvi a mãe a gritar e a soluçar. - Diz Prue olhando directamente para o irmão. 
     - Ela esta transtornada.
     Aquela curta resposta respondia a tudo e a nada.
     - O que aconteceu? - Ela desvia-se da janela e foi-se juntar ao irmão, ficando de frente para ele.
     - Não serei eu a dar-te a noticia.
     - Será a mãe ou o tio?
     - Os dois. Agora anda ter com eles.
     James abre a porta do quarto e, com o braço à volta dos ombros da irmã, dirigem-se para a sala de onde já não provinham os soluços da mãe.
     James dá duas pancadinhas na porta, como se lhes quisesse dizer que eles tinham chegado. Entram.
     A divisão estava iluminada apenas com a ténue luz que provinha do fogo que crepitava na lareira e que mantinha aquela sala quente. Emily estava sentada na poltrona junto à lareira a beber de uma velha caneca que o seu pai lhe tinha dado. Já não chorava nem soluçava, mas, o seu rosto ainda continuava vermelho, devido à imensidão de lágrimas que já deveria ter deitado aquele belo rosto.
     Paul estava de pé, de frente para a lareira, a olhar para o fogo que crepitava lá de dentro, mas pareceu a Prue, que não era o fogo que ele via, existia algo mais, algo que o estava a atormentar, que o estava a preocupar. Algo que eles lhe estavam a esconder.
     Quando Emily viu a figura da filha, parou de beber daquela chávena e pousou-a numa mesinha que se encontrava ao lado da poltrona, onde já se encontrava um dos seus velhos livros.
     - Prue. Vem sentar-te. Eu e o teu tio temos uma coisa para te dizer.
     Paul, ao ouvir as palavras pronunciadas pela irmã, vira-se e olha para Prue, que, nesse momento, se dirigia para a mãe com um passo decidido e confiam-te de si, como sempre tinha.
     Ela coloca-se aos pés da mãe e olha para o tio que continuava encostado à lareira. Só que, em vez de olhar para as inúmeras formas que crepitavam naquela velha lareira, olhava tanto para ela como para a irmã.
     James contornou a poltrona onde a mãe estava sentada e dirigiu-se para a janela. De lá viras-lhe as costas e começa a olhar para o céu. Nessa noite nem mais uma palavra foi proferida da sua boca.
     O silêncio foi constante durante um tempo. Pois ninguém se decidia a começar. Ninguém se decidia a dizer-lhe.
     - Para que mãe? - Aquela pergunta apanha Emily desprevenida mas não admirada por provir da filha mais nova.
     - É difícil. Á ainda muito para te contar, pequena. E muito que ainda não esta na altura de te dizer-mos.
     Paul entrevem num tom séptico, falando para Prue, mas aquelas suas palavras foram dirigidas à irmã.
     - Algo que já deverias saber.
     - Paul! Agora não. Já falamos sobre isso. Ainda não.
     - Continuas ainda a não ceder irmã?!?
     - Não.
     Emily ignora o irmão e volta, de novo, a sua atenção para a filha.
     - Está na altura de saberes. - Começa a dizer Emily antes de voltar a soluçar.
     Prue levanta-se do chão e senta-se num dos braços da poltrona, abraçando e consolando a mãe.
     - Mãe, o que aconteceu? - Pergunta Prue.
    Emily para, aos poucas, de soluçar.
    - O teu pai, Philip. - Começa a dizer antes de voltar a soluçar e a chorar ainda mais do que antes.
    Sabendo que a mãe não estava em condições de lhe contar o que tinha acontecido vira-se para o tio.
    - O que foi que aconteceu ao Philip. - Pergunta Prue. Ela sempre tratara o pai pelo nome pois nunca lhe tivera um grande apreço. Mas o que tivesse acontecido tinha transtornado a mãe que era, praticamente a única pessoa que a compreendia realmente, sem ser o irmão e Ele.
    - Um acidente. - Diz-lhe o tio sem rodeios.
    - Como assim?
    - Ele não voltará para junto de nós. - Responde-lhe sem o mínimo de remorso ou de pena.
    Prue sempre soubera que o Philip e o tio nunca se tinham entendido. Mas ela tinha ainda certas duvidas até onde o tio poderia chegar. Mas nessa noite era diferente. Avia algo de diferente. Algo que ela não sabia explicar. E sabia que não conseguiria saber nada do que aconteceu nessa noite. A mãe não lho diria, estava demasiado transtornada. James não lho quisera contar antes, no seu quarto, também não lho diria agora. E o tio também não o faria. Não para já.

     - Querida.
     - Mãe.
     Elas abraçam-se. Mas nesse momento, Prue, apenas queria estar sozinha no seu quarto. Elas afastam-se. Prue limpa com as costas das mãos as lágrimas que corriam no rosto da mãe.
     Até aquele momento, Prue, nunca notara como a mãe era bonita com os seus longos cabelos pretos como a noite, os seus olhos azuis, cor do mar, mas grandes e redondos como os seus. Os seus lábios eram finos. E o seu nariz como o de Prue, pequeno mas pontiagudo.
     - Posso sair mãe? Preciso de ficar sozinho. - Pergunta Prue.
     - Vai. - Foi a única resposta que proveio da boca da mãe.
     Ela olhou para James, e este devolveu-lhe o olhar expressivo, cheio de dor e de perda. Ele sempre adorara o pai. Mas será que sabia o que ele fazia?
     Ao sair olhou uma última vez para aquela sala. A mãe estava de novo na poltrona, a beber daquela caneca que o Philip lhe tinha dado. As lágrimas escorriam-lhe pelo rosto. E a sua perda era lhe transmitida sem o saber. A dor emanava dela. O irmão estava a olhar para o céu da janela. Mas o tio olhava fixamente para ela. Como a tentar perceber a reacção, dela, à notícia que acabara de receber. Que ele lhe acabara de dar.
     Um último pensamento lhe ocorreu ao fechar a porta e dirigir-se para o seu quarto.
     Ele fora o responsável. Ela era sua cúmplice. E estava um cenário pintado de morte naquela casa do qual ela era responsável.
     Há qual ela já não pertencia.

3 comentários:

  1. olá querida.. acabei de ver o comentario que você deixou no meu blog..
    fico muito agradecida e pra mim é um prazer que tenhas lido a minha FiC..

    adoreii a sua historia, muito envolvente
    e desde agora tambem serei a sua seguidora ;D
    estou anciosa pelo proximo capitulo ..

    tenha uma linda noite ♥

    bjoss Bedii

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  2. Escreves tão bem!
    Invejo-te --'

    Também estou a escrever uma história, já a tenho toda, mas só agora ando a colocá-la no blogue, podias ir ver:

    http://historia-amy-vampires.blogspot.com/

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